KHORIUM COSTURA RACISMO, EUGENIA E POLÍTICA COM RAP METAL E CROSSOVER EM NOVO DISCO 'PÁRIA'

CRÉDITO DIVULGAÇÃO

O Brasil segue sendo terreno fértil para a indignação — e a Khorium sabe transformar isso em som. O power trio de Volta Redonda (RJ) acaba de lançar 'Pária', seu quinto álbum, unindo rap, metal e hardcore crossover a letras de forte crítica social. É impossível não reconhecer a conexão entre o disco — gestado há meses — e os acontecimentos que atravessaram o Estado de origem da banda nesta semana. 
'Pária' reflete justamente sobre as estruturas que possibilitam episódios como os que ocorreram no Rio, considerado o mais letal da história da segurança pública, que deixou ao menos 130 mortos entre policiais, criminosos e pessoas ainda não identificadas. 

O álbum coincidentemente chega em um momento em que reforça o papel crítico de um disco e serve de convite à reflexão sobre os ciclos de violência e exclusão que persistem desde a fundação do Brasil.

▶ Ouça 'Pária' no Spotify https://open.spotify.com/intl-pt/album/1JgUo7fPvcVeoeqes8yRMU?si=gDg2EzaVRSyn_94YjVFA5AKhorium Capa Pária Alcides Burns.jpg


Pária — os que estão à margem, os que sobram, os não-reconhecidos — é costurado com riffs e temas sociais sensíveis e letras contundentes que não deixam pedra sobre pedra. Entre os muitos questionamentos, o álbum aborda a engrenagem que produz o crime e a violência e analisa as estruturas de poder que permanecem intactas em detrimento da vida do povo.
A faixa de abertura, “A Redenção de Cam”, ganhou clipe e é um dos trechos mais simbólicos de Pária, retratando feridas históricas profundas, como racismo estrutural e eugenia. Apesar de sua força emblemática, o disco não se limita a esse tema, visitando outras problemáticas.
A música tem inspiração no documentário "Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil", que narra a história de crianças negras retiradas de um orfanato e submetidas a trabalho escravo e experimentos eugênicos na década de 1930 e no quadro homônimo de Modesto Brocos (1895) considerado um símbolo da expressão racista no Brasil.

▶ Assista “A Redenção de Cam”:  https://www.youtube.com/watch?v=kcB6vmhw1Vs

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"A Redenção de Cam" retrata três gerações de uma família: uma avó negra, sua filha mestiça e o bebê branco, simbolizando a progressão racial esperada por meio da miscigenação pregada pelo movimento eugenista do Brasil - acervo do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) no Rio de Janeiro.


Em meio à agressividade sonora, 'Pária' insere trechos de bossa nova e samba entre a crueza do metal, como “Isto Aqui, O Que É?” (Ary Barroso) e “O Teu Cabelo Não Nega”, utilizados em colagens e interlúdios para confrontar a ideia de uma nação harmoniosa. Esses trechos evidenciam o choque entre estilos musicais e questionam músicas, como a marchinha, que carrega elementos racistas e que só recentemente começou a ser revista.

“A alegria ali não orna, e é justamente esse o ponto”, comenta o vocalista G. Moreira. “A cultura popular foi usada para maquiar tragédias, enquanto o chão rachava.”

O disco conta ainda com participações de Henrique Azul (berimbau em 'Carrancas') e Letícia Mendes ('Desconforto'), e a capa é assinada por Alcides Burn, nome recorrente no metal nacional. 

Com oito faixas inéditas, 'Pária' reforça a postura crítica da Khorium, que combina rap, metal e hardcore crossover com consciência histórica e engajamento social.
“Música pesada também pode fazer pensar. Nosso som é pra quem aguenta olhar pro espelho e ver o que está errado”, completa Moreira.

Com influências que vão de Pavilhão 9, Body Count, Rage Against the Machine e Sepultura, Khorium reafirma uma postura artística que não busca concessões.
As faixas de 'Pária' também ganharam lyric videos no YouTube já disponíveis no canal oficial da banda ampliando a experiência do público com o álbum. 

Tracklist – Pária
• A Redenção de Cam
• Alianças Espúrias
• A Grande Era da Hipocrisia
• Carrancas
• Paradoxo do Medo
• O Preço
• Desconforto
• Miséria e Alienação (parte 1)

Sobre a Khorium: colaborações consagradas na trajetória da banda
Formada em 2017, a Khorium combina peso, groove e discurso crítico em uma sonoridade que funde rap, metal, hardcore e crossover.

A discografia da Khorium reflete a trajetória intensa e engajada da banda, que desde o início se posiciona como uma das vozes mais críticas e inquietas do cenário nacional.

O primeiro registro, “Manual Prático do Brasil” (2018), surgiu como um EP que já antecipava a postura combativa e o olhar atento sobre as contradições do país. 

No ano seguinte, a banda lançou “Idiocracia Tropical Contemporânea” (2019), um álbum que consolidou sua sonoridade pesada e discursiva, unindo o rap e o metal para discutir o caos político e social do Brasil contemporâneo. A capa do trabalho venceu a 30ª edição do Salão do Humor de Volta Redonda.

Em “Forças Opostas” (2021), o grupo ampliou seu alcance, trazendo ainda mais densidade às letras e explorando contrastes entre opressão e resistência. O registro ao vivo “Khorium no Estúdio Showlivre” (2022) capturou a energia visceral das apresentações, reafirmando a força performática da banda.

Agora, em "Pária" (2025), a Khorium eleva suas críticas sociais a um novo patamar de complexidade e peso, revisitando feridas abertas da história brasileira com o mesmo espírito questionador que sempre a definiu.
Khorium traz uma tradição do rap de trazer feats para suas músicas e assim conquistou ao longo dos anos um time de peso espalhado em seus discos. 

Em "Idiocracia Tropical Contemporânea" (2019), Fernanda Lira interpreta o poema 'Still I Rise', da ativista norte-americana Maya Angelou, em uma poderosa versão musicada.

Em "Forças Opostas" (2021), Jimmy London (Matanza Ritual) participa da faixa 'Muito Fala, Nada Faz', enquanto em "A Plenos Pulmões" (2023) é Clemente Nascimento (Inocentes) quem se junta à banda na faixa 'Imunidade Tributária'. 
Essa prática de agregar vozes de diferentes origens e trajetórias reforça a postura colaborativa da Khorium, que faz do diálogo entre estilos uma ferramenta de resistência e expressão.

Integrantes:
G. Moreira – Guitarras e vocais
A.D. Oliveira – Baixo
Robson Guimarães – Bateria

Discografia:
Álbuns de estúdio • Idiocracia Tropical Contemporânea (2019) • Forças Opostas (2021) • A Plenos Pulmões (2023) • Pária (2025)
Álbum ao vivo • Khorium no Estúdio Showlivre (Ao Vivo) (2022) 
EP • Manual Pratico do Brasil (2018) 
Single
• Quem Vai Pagar (2017) 
Siga a Khorium: www.instagram.com/khoriumband facebook.com/khoriumband youtube.com/khoriumband 

FONTE AGÊNCIA 1 A 1