Psychotic Eyes

Embora a ortodoxia prevaleça entre a maioria das bandas brasileiras de death metal, o Psychotic Eyes sempre foi um personagem antagônico a qualquer padrão pré-estabelecido. Sua música é uma experiência profunda que se desenvolve a partir de diferentes referências musicais. A complexidade do rock progressivo, a técnica do jazz, o ritmo da música brasileira, todos esses elementos se juntam num caldeirão death/thrash metal. Formada em 1999, o Psychotic Eyes lançou duas demos antes do seu disco de estreia autointitulado de 2007. 

Quatro anos se passaram, período esse que a banda dividiu entre algumas apresentações ao vivo e processos de composição, até que foi lançado o mais recente álbum da banda, “I Only Smile Behind The Mask”. Considerado pelos próprios músicos como “a grande obra da banda”, “I Only Smile Behind The Mask” foi mixado e masterizado pelo renomado produtor canadense Jean François Dagenais, também guitarrista do Kataklysm, uma das maiores bandas do death metal contemporâneo. 

A produção de alto nível destacou o som pesado, técnico e agressivo da banda, que soa moderno e brutal, sem perder as dinâmicas que remetem ao rock/metal dos anos 70 e 80. A banda foge dos clichês, apresentando riffs e solos de guitarra que exploram harmonias diferenciadas, levadas de bateria pouco exploradas no metal, além de linhas de baixo certeiras. 

Tudo isso servindo de base para a agressividade dos vocais extremos. O contrabaixo em “I Only Smile Behind The Mask” foi gravado por Rodrigo Nunes (ex- Drowned e Eminence), acompanhado pelos membros originais Dimitri Brandi (vocal/guitarra) e Alexandre Tamarossi (bateria). O flerte com a literatura, outra característica da banda, marca presença na faixa de abertura. “Throwing Into Chaos” tem letra escrita por Adriano Villa, poeta responsável pelas letras do renomado projeto “Hamlet”. Em seguida vem “Welcome Fatality”, uma das mais brutais e técnicas composições já escritas pelo grupo. O disco segue com a melódica “Dying Grief”, em que o vocalista Dimitri narra os sentimentos que o afligiram quando da morte do pai. “Life” é a primeira surpresa do álbum, pois é quase uma balada, ou o mais próximo disso que uma banda death metal poderia chegar. O tema de amor reflete sobre a dor e o vazio deixados pelo fim de um relacionamento. 

A faixa título contrasta com a anterior, pelo seu início brutal e as linhas vocais quase depressivas, sob base alucinante. A letra faz o ouvinte refletir sobre as decisões irreversíveis e o eterno dilema da importância da aparência física. “The Humachine” inicia com um tétrico diálogo entre homem e máquina, criador e criatura. Marca a participação do professor, artista multimídia e pesquisador Edgar Franco, que adicionou diálogos pós-humanos à faixa, uma das mais complexas do álbum, baseada em livro do escritor americano David Gerrold. O disco fecha com “The Girl”, um épico que transita por todos os estilos do metal. 

A música é uma desconstrução do clássico de Chico Buarque, “Geni e o Zepelim”. A banda surpreende pela ousadia nessa versão que, embora conte a mesma história, nada manteve da original. Antes do show de lançamento que ocorreu em Maio de 2011 no Carioca Clube em São Paulo ao lado do Korzus e Torture Squad, o Psychotic Eyes recebeu seu novo baixista, Douglas Gatuso (Cemitério/Side Effectz). Lançado apenas digitalmente, “I Only Smile Behind The Mask” foi indicado para três categorias entre os “Melhores de 2011” na votação entre os leitores da revista Roadie Crew. Ao fim da turnê, no final de 2014, o Psychotic Eyes concentrava-se na pré-produção de seu novo disco quando um problema recorrente assombrou o grupo: as crises de bursite do baterista Alexandre Tamarossi. O problema, infelizmente, ocasionou no desligamento do músico. 

Foi quando, ainda sem um novo baterista, o Psychotic Eyes recebeu um convite para fazer um show importante. Tiveram a ideia de realizar um show acústico, sem bateria: death metal tocado com dois violões e vocais guturais! O que parecia improvável tornou-se histórico! Nunca antes foi registrado um show de death metal acústico como o realizado pelo grupo na Galeria Olido em São Paulo. O espírito vanguardista do Psychotic Eyes ganhou projeção na mídia do mundo todo. O resultado final ficou tão bom que entrar em estúdio e registrar algumas músicas nesse formato acabou tornando-se inevitável. “Olhos Vermelhos” foi o título que o agora duo, Dimitri Brandi (vocal/violões) e Douglas Gatuso (vocal/violões) escolheram para aquele que será o terceiro álbum do Psychotic Eyes – mesmo inteiramente acústico – e o primeiro trabalho de death metal acústico da história! “Olhos Vermelhos” está sendo gravado no estúdio HBC com produção de Humberto Belozupko. O disco reunirá duas inéditas, “Olhos Vermelhos” – baseado num poema de Luiz Carlos Barata Cichetto – e “Memento Mori”. Também estarão no álbum, em novos arranjos, “The Hand of Fate” – presente no álbum de estreia – além de “Life” e “Dying Grief”. 

“As gravações estão sensacionais, o material vai ficar fantástico”, diz eufórico Dimitri Brandi. “Só estão demorando mais do que o previsto, pois gravar death metal no violão é uma tarefa muito difícil. Sendo um instrumento acústico, tudo o que fazemos no violão é captado pelo microfone. Um guitarrista e um baixista acostumados a “descer o braço” apanham um pouco. Mas o resultado está ficando surpreendente”. “Olhos Vermelhos” do Psychotic Eyes será lançado no segundo semestre de 2016. Detalhes sobre formatos e plataformas de distribuição serão divulgados em breve.     

Throwing into Caos - https://youtu.be/JcqK5F5_Ml8           

Fonte Som do Darma