SUNROAD

O contexto cultural do rock ‘n’ roll fundamenta-se na combinação de outras diferentes culturas e ritmos: country, blues, R&B, gospel. Posteriormente, o rock ‘n’ roll passou a estabelecer especificidades próprias que engendraram novas combinações: rockabilly, hard, progressivo, punk, metal. Obviamente que a sorte de todas essas novas combinações e definições devem-se aos artistas que estiveram à vanguarda do estilo. Passados 70 anos desde seu limiar, a produção contemporânea de rock é esteticamente sólida em particularidades, e a própria definição de rock encontra na identidade dos artistas sua retórica fundamental. 

De forma que o maior desafio para novos músicos é desenvolver novas identidades a partir de identidades raízes. E negar essas raízes não é uma opção. A banda goiana Sunroad é bem resolvida nesse sentido. Depois de mais de 20 anos de carreira, sete discos lançados e uma identidade musical bem definida, Warlley Oliveira (vocal), Mayck Vieira (guitarra), Van Alexandre (baixo) e Fred Mika (bateria) sentem-se absolutamente a vontade para falar sobre suas influências musicais. Aliás, Van Halen, Scorpions, Dokken, Def Leppard, Triumph, Led Zeppelin, entre outras bandas, foram algumas referências musicais do Sunroad para o processo criativo de seu novo álbum, “Heatstrokes”. 

Essa honestidade musical só é possível porque no Sunroad tudo é feito de maneira consciente. O processo criativo do grupo não abre mão da razão para evitar excessos e pastichos, assim como também deixa o coração guiar para que o resultado final seja a representação de uma verdade artística. Se nos dois últimos trabalhos, “Carved In Time” (2013) e “Wing Seven” (2017), o Sunroad enfatizou-se com mais vigor pelo hard/heavy, em “Heatstrokes” a proposta é assumir o hard e melodic rock como um caminho cujo destino final é o AOR.


“Poderíamos dizer que Heatstrokes é um trabalho de transição”, declara o baterista Fred Mika. “Dessa vez buscamos uma sonoridade um pouco mais sofisticada, e isso é resultado da verdade de cada integrante atual da banda. O aspecto melódico teve uma atenção especial nesse novo trabalho. Procuramos dosar menos nas notas, usar bases mais fluídas, justamente para permitir que os refrãos fossem mais valorizados. Aliás, a ideia de muitas músicas do álbum partiram dos refrãos. Desde nosso primeiro álbum tínhamos por objetivo compor músicas com refrãos fortes, e quando digo que Heatstrokes é uma transição, é porque queremos seguir evidenciando cada vez mais isso nos futuros trabalhos. E o AOR acaba sendo a consequência final desse desenvolvimento melódico”. “Heatstrokes” reúne 10 faixas inéditas. As composições são todas assinadas por Mika em parceria com o ex-vocalista/guitarrista, Andre Adonis.


“Dessa vez, ao contrário dos outros discos, iniciamos tudo do zero! Eu e o Andre Adonis compusemos todo o material especialmente para entrar em Heatstrokes. Nos discos anteriores sempre tinham uma ou mais faixas que eram sobras de estúdio”. “Heatstrokes” foi gravado nos estúdios Musik e Drive, ambos em Goiânia/GO, e produzido por Fred Mika e Netto Mello. De acordo com Mika, o objetivo estético das produções do Sunroad também é consciente e procura dosar o melhor das tecnologias analógica e digital.


“Tem que saber trabalhar com equilíbrio. Plug-ins sempre para adicionar, melhorar e não substituir por completo certas coisas. O Sunroad capta de modo quase que analógico; bateria acústica, microfones valvulados, amplificadores valvulados, mas na mixagem adicionamos alguns plug-ins para obter certos efeitos. De forma que o trabalho continua orgânico sem perder as benesses de uma produção moderna e polida.” Em termos de letras, “Heatstrokes” é um álbum abrangente. Há temas sobre guerras (“Empty Stage”), drogas (“Given And Taken”), relacionamentos (“Lick My Lips” e “Overwhelmed”), assim como letras mais filosóficas (“Screaming Ghosts” e “Spellbound Age”). Segundo Fred Mika, autor da maioria das letras, há uma abordagem positivista que conecta todos os temas.


“Eu parto de um princípio básico de que todo artista tem que considerar a responsabilidade social. No rock hoje há uma banalização das letras, com muitos temas negativos, que glorificam a destruição, a violência, e mesmo quando assumem uma postura político-revolucionária, acabam sendo sustentadas por ideias vazias, letras rasas e clichês. A ideia de aliar reflexão e positividade são armas poderosas que transformam vidas!” Ainda segundo Mika, a relação entre o título “Heatstrokes” – que em português significa ‘ensolações’ – e o desenho da capa é minimalista. Aliás, o próprio Mika assina a arte.
“A ideia com a capa foi apresentar um ambiente que traduzisse o título, portanto, nada mais justo que um deserto terrestre, mas com alguns detalhes, sendo a guitarra cravada no solo o ponto de partida.” Com o lançamento de “Heastrokes” – que além da edição nacional, também ganhou versões europeias e norte-americanas pela Roxx Records – é chegada a hora de cair na estrada. Aliás, em termos de palco, nesses mais de 20 anos o Sunroad teve a oportunidade de realizar shows por várias regiões do Brasil e outros países da América do Sul, e já teve a honra de dividir o palco com alguns de seus ídolos como Joe Lynn Turner, Doogie White, Petra, Stryper, L.A. Guns, Whitecross, Narnia, etc. O Sunroad é banda estradeira!


“Temos ensaiado bastante com a nova formação e a banda está pronta pra cair na estrada. Chegou a hora de mostrar a todas e todos que as novas músicas soam ainda mais ensolaradas ao vivo e que estamos mantendo vivo o legado deixado pelos nossos ídolos do passado, em algumas vezes tocando junto com eles. Heat The Road”, finalizou Fred Mika.                 

https://youtu.be/DwFgIpsnN0w